Histórico do Município de Suzano

O Município de Suzano

                                                                   Suami Paula de Azevedo
                                                                                        Historiador

     O Município de Suzano, no estado de São Paulo, onde está a Escola Estadual Dr. Morato de Oliveira, hoje conta com 207 Km2, está localizado na Região do Alto Tietê, entre a Zona Leste da Grande São Paulo e o Vale do Paraíba. O IBGE informa que as estimativas atuais, ano de 2006, indicam uma população de cerca de 280.000 habitantes, mas que a Prefeitura Municipal e a população acredita ter ultrapassado os 300.000. A maioria formada por migrantes vindo, principalmente, da Região Nordeste do Brasil. 

     Poderíamos começar a falar de Suzano remontando ao final do Século XVI, quando chegam os primeiros colonizadores. Ou nos referirmos ao primeiro documento que trata da região compreendida pelo atual Município de Suzano, que data de 10 de dezembro de 1609, carcomido pelo tempo, descreve a sesmaria dada a um certo “Rodrigues”, como vimos em estudo anterior:

     Campos de Itacurubitiba no caminho que fez Gaspar Vaz que vae para Boigi Mirim a saber partindo da barra dum rio que se chama Guayao por elle arriba até dar em outro no que se chama ..........dali dará volta a demarcação pelas faldas do outeiro da banda do sudoeste e correrá avante até dar no rio grande Anhemby e por o rio grande abaixo até dar digo até tornar aonde começou a partir a assim mas meia...........com dois capões que estão de fronte da dita dada a saber um capão que se chama de Yytucurubitiva e outro............assupeva.......... (apud AZEVEDO, 1994: 19).

     Poderíamos falar do mais antigo local, conhecido por Taiaçupeba, onde por volta de 1720 o Padre Antonio de Souza e Oliveira ergue no local a primeira capela em honra de Nossa Senhora da Piedade. Local que na segunda metade do século XVIII já está identificado pela comunidade com o nome do rico proprietário (Antonio Francisco) Baruel.

     Com o início da construção da ligação ferroviária entre Rio de Janeiro e São Paulo pela Companhia de Estrada de Ferro do Norte, já em 1873, teremos uma alteração definitiva do centro populacional do local. O trecho ferroviário entre São Paulo e Mogi das Cruzes é inaugurado em 6 de novembro de 1875, com uma primeira parada na região de Guaianases (Lajeado). Bem no centro dos oito quilômetros de ferrovia que cortam o atual território de Suzano, entre os rios Guaió e Taiaçupeba Açu, conhecido como Campos de Mirambava, foi construída uma segunda parada para o embarque de lenha. Essa Parada vai ser chamada de Piedade, em razão da proximidade e importância, uns dez quilômetros ao sul, do vilarejo de Baruel, com sua Capela à Nossa Senhora da Piedade (AZEVEDO, 1997).

     Ao que estudamos, anteriormente, a denominação desses Campos de Mirambava pode nos retornar às origens iniciais dos primeiros povos que ali se estabeleceram:

     A palavra Mirambava é uma corruptela de expressão tupi-guarani, nação indígena que habitava essa região nos anos do Brasil Colônia. Vem da construção Mayumbará (Mayum-wara), de alcance semântico não totalmente determinado. Levantamos para essa expressão algumas hipóteses semânticas, que nos parecem razoáveis, as mais sólidas, ainda que prefiramos não reconhecê-las ainda de absoluta segurança científica. Ela seria formada pela justaposição de duas palavras: May'u, que tem como significado: "comer coisas", e Wara, sobre a qual levantamos algumas questões. Poderia ser o "guará", espécie de lobo do cerrado, idéia que vemos como a mais afastada. Isso porque o lobo guará muito raramente ultrapassava a Serra da Mantiqueira, chegando quando muito ao Vale do Rio Paraíba. Ou poderia ainda ser “guará”, o flamingo brasileiro, a ibis rubra, idéia plausível para a Região. Observe-se que a palavra Guarapiranga (Wara-pirãng), nome de uma represa de nossa Região, é a representação tupi para esse belo tipo de garça. A garça branca é a Wara-ting. Outra hipótese ainda a ser levantada sobre a palavra wara, mais concretamente, sobre Wara-ita, é que ela significa "mexilhão de rio". Sem esquecer que caranguejo é expressado por Wara-ruha. Como a nossa área aqui sempre foi conhecida por sua imensa várzea, seus rios, suas inundações, essa última hipótese também surge como possível e a mais forte dentre todas.

     Seguramente, seguindo essa compreensão, a expressão deve representar a designação do povo que vivia na região onde hoje está Suzano. Seria o caso de reconhecermos uma dentre as três acepções aqui levantadas: "Aqueles que comem lobo"?, "Aqueles que comem garças"?, "Aqueles que comem caranguejo, mexilhão ou camarão de rio"? Uma observação mais calma, fundada em informações antropológicas, leva-nos a não ver realce na primeira hipótese. Na segunda hipótese, esse povo ser reconhecido por comer garça, parece-nos pouco provável. Compreensão que é reforçada pela força da terceira. Essa última surge-nos como natural para a nossa condição geográfica. Assim, o povo que vivia nesta área poderia muito bem ser reconhecido como “aqueles que comiam caranguejo de rio. (AZEVEDO, 1997).

     É justamente aí, junto à Parada Piedade que o jovem feitor da ferrovia Antonio Marques Figueira vai construir sua casa, a primeira do local, terminada em 22 de maio de 1885. Figueira vai juntar-se a outros proprietários da região, o Major Francisco Pinheiro Froez, dono das Fazendas Boa Vista e Revista, ao Major Guilherme Boucault, líder político de Mogi das Cruzes, e ao Conde João Romariz, proprietário da fazenda que se localizava onde hoje é o Bairro da Vila Amorim, segundo alguns estudiosos. Visavam fundar um arruamento junto à Parada Piedade. Romariz fez o desenho da futura Vila da Concórdia, que foi aprovada em 11 de dezembro de 1890, pelo novo Governo Republicano, e que corresponde ao atual centro de Suzano.

     Em 11 de abril de 1891, o povo local consegue que no lugar da sua humilde Parada seja inaugurada a Estação Piedade, ainda em madeira. Entrando no século XX, a estaçãozinha já necessitava maiores cuidados. Os trens já não mais demandavam lenha. O povo temia a desativação da estação. Os líderes locais foram então solicitar ao Engenheiro da Ferrovia, residente em Mogi das Cruzes, que construísse uma estação de alvenaria. O Engenheiro Joaquim Augusto Suzano Brandão autorizou-a e em 22 de dezembro de 1907, teve em sua homenagem, a placa trocada de Piedade para Suzano. Mas é só a 11 de dezembro de 1908, que a Vila passou a chamar-se definitivamente Suzano. Em 17 de dezembro de 1919, pela Lei Estadual nº. 1.705, promulgada pelo então Presidente do Estado, Dr. Altino Arantes, a Vila de Suzano torna-se Distrito de Mogi das Cruzes (AZEVEDO, 1994).

     No entanto, só depois de muita luta e determinação de seus líderes é que foi finalmente conseguida a sua autonomia. Ela vem a ocorrer apenas em 24 de dezembro de 1948, com a promulgação da Lei Estadual nº. 233, assinada pelo então Governador do Estado, Dr. Adhemar de Barros. As eleições para os primeiros Vereadores e Prefeito foi realizada a 13 de março de 1949. A posse deles foi realizada a 2 de abril de 1949. Essa foi a data escolhida posteriormente para as comemorações de Aniversário da Cidade.